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sábado, 1 de março de 2014

O Porquê do Nosso Metrô

O acervo digital que o Globo disponibilizou recentemente é muito útil para entendermos o porquê das coisas hoje em dia. Infelizmente, a maioria das respostas que encontramos neste gigantesco acervo de história explica o nosso atraso e o nosso fracasso e nos faz pensar: por que em Paris é assim? Por que isso não acontece nos Estados Unidos?


História do Metrô do Rio de Janeiro

A história do metrô do Rio de Janeiro é um bom exemplo para a questão. Em 1968, O Globo publicou o projeto definitivo de construção das nossas linhas e estações. Na época, o Rio de Janeiro era a maior cidade do mundo sem um sistema metroviário. Este projeto, já vinha com um atraso de quase 50 anos, pois foi nos anos 20 que se falou em construir um metrô na cidade pela primeira vez. Nosso atraso não parou por aí: somente seis anos depois é que as obras da Linha  1 começaram, em 1974.


Cinco Estações em 1979

A parte prioritária da Linha 1 (Sãens Peña - General Osório) e um grande trecho da Linha 2 (Pavuna - Carioca) eram para ter sido inaugurados no fim dos anos 1970. No entanto, no dia da inauguração, em 05 de março de 1979, com a presença do então presidente da república João Figueiredo, o metrô andou por apenas cinco estações da Linha 1.

Se já havia uma grande demora na execução das obras, o pior veio nos anos 1980. Apesar da inauguração de uma estação aqui, outra ali, os moradores de várias partes da cidade conviveram durante anos com os buracos abertos pelo metrô sem previsão de conclusão das obras. Lixo, ratos, insetos, mato tomaram conta das obras metroviárias. As praças, antigas áreas de lazer dos moradores, foram aos poucos abandonadas pelos próprios operários que não eram pagos. O metrô não tinha dinheiro para concluir as Linhas 1 e 2. O estado do Rio de Janeiro, o BNDES e o Governo Federal alegavam o mesmo. Promessas eram feitas, as obras começavam e logo depois eram paradas por falta de recursos. Neste vai e vem, o Governo Estadual chegou até a comprar um tatuzão para terminar a Linha 2. Só que esta super máquina que viria para acelerar o ritmo das obras, após escavar cinco metros como teste, ficou adormecido quase um ano até ser desmontado e repassado para outro metrô.


Sem Verbas para Expansão 

Com o dinheiro chegando a conta-gotas, a Linha 1 ficou entre Botafogo e Sãens Peña e a Linha 2 entre Pavuna e Estácio. Somente a partir do final dos anos 1990 é que a Linha 1 avançou para Copacabana e posteriormente para General Osório. A Linha 2 ficou onde estava.

Em 2010, menos de um terço do planejamento original para o metrô fluminense tinha sido construído após 42 anos desde o projeto definitivo. A Linha 1 deveria ser uma enorme circular entre a Zona Oeste, Zona Norte, Centro e Zona Sul. Nem a linha prioritária chegou a ser concluída. Botafogo deveria ter duas estações de metrô e ficou com uma. Copacabana de cinco foi reduzida a três. A Estação Morro de São João está semi-pronta e escondida dos usuários em Botafogo. A Linha 2 era para ligar São João de Meriti a Niterói. Parou na Estácio! Poucos se lembram mas a Estação Carioca foi construída em três níveis justamente para receber a continuação da Linha 2 mas o nível da Linha 2 jamais foi inaugurado, pois o túnel do metrô jamais chegou lá. A Linha 3 seria construída entre Irajá e o Recreio dos Bandeirantes. Esta nunca saiu do papel.

Apesar do ritmo patético de construção do nosso metrô, de maneira geral se seguiu o projeto original ao longo destas cinco décadas. Desde 2007, porém, o Governador Sérgio Cabral Filho decidiu construir o metrô do jeito que queria. A construção da Linha 1A direcionou os trens da Linha 2 para os trilhos da Linha 1, que ficou superlotada. As estações Catumbi, Praça da Cruz Vermelha, Carioca e Praça XV seguem aguardando serem construídas. A Linha 4, licitada em 1998 para ligar Botafogo á Alvorada, foi alterada para ligar Ipanema ao Jardim Oceânico e deve ficar pronta em 2015.

No ano olímpico o metrô do Rio de Janeiro será uma grande tripa, pois a Linha 2 desemboca na Linha 1 que seguirá em reta para a Linha 4.


É Preciso Retomar o Projeto Original do Metrô

É preciso urgentemente retomar o projeto original do metrô se quiserem pensar em mobilidade urbana. Não adianta a cidade ter hospitais, escolas, universidades, áreas de lazer, arenas esportivas, etc se para chegar até elas é muito difícil, quase um sacrifício. Neste contexto, é preciso construir o metrô em rede, com as linhas se sobrepondo. Para tal, é preciso terminar a obra da Linha 2 e construir as estações da Linha 4, como licitadas nos anos 1990.

Floriano Lima, Chagas Freitas, Leonel Brizola, Moreira Franco, Nilo Batista, Marcello Alencar, Anthony Garotinho, Benedita da Silva, Rosinha Garotinho e Sérgio Cabral Filho são todos um pouco responsáveis por termos o metrô que temos.

20 comentários:

  1. tinha de ser pensado um metrô que passasse pelo Andaraí, Grajaú, Engenho Novo, Méier etc.

    A população do grande Méier sofre muito dependendo dos 456 e 457 da vida.

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    1. Eu sinceramente não gostaria que a linha 1 fosse simplesmente para o méier. Acho que poderia existir um projeto de linha expressa transversal do metro que tivesse as seguintes estações:

      Engenho de dentro (integração com supervia)
      Dias da Cruz (Próximo a Parme)
      Lins de Vasconcelos (Esquina com Carolina Santos)
      Rua Maria Antônia
      Araujo Leitão (Esquina com Barão do Bom Retiro)
      Teodoro da Silva (Esquina com João Vicente)
      Barão de Mesquita
      Uruguai (Integração Linha 1)

      7km de metro e pega uma parte da população que é totalmente dependente somente de ônibus de péssima qualidade, e de locais com vias pequenas de uma ou duas faixas, como Méier, Lins, Engenho Novo, Grajaú, Andaraí e Vila Isabel.

      Com certeza alguém com mais informações poderia fazer melhor.

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    2. Maquinarama, eu concordo que o Méier deveria ter metrô mas não pode ser uma eterna extensão da Linha 1 que vai melhorar o transporte no bairro.

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    3. O Méier deveria ter uma linha que terminasse na Estação Uruguai e de lá seguisse para a Estação Carioca. Mas a Estação Uruguai foi feita para receber apenas os trens da Linha 1.

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    4. Penso numa linha para atender Méier, Engenho Novo, Grajaú, Andaraí e Vila Isabel que seguisse pela Teodoro da Silva conexão com a linha 2 no Maracanã, prosseguindo pela Quinta da Boa Vista, S. Cristóvão e daí até o Centro pela zona portuária: Rodoviária, Cidade do Samba, Santo Cristo, Praça Mauá, Candelária (talvez uma conexão por túneis de pedestres com a estação Uruguianana), Praça XV (nova conexão com a linha 2 futura) e terminando no S. Dumont.
      Na verdade eu havia pensado apenas no trecho do Grajaú ao Centro mas não seria difícil chegar do Grajaú ao Meier. O mais importante seria criar uma nova linha até o centro, paralela à linha 1.

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    5. Eu também acho que o Rio deveria ter mais linhas de metrô. Mas acho muito difícil tudo isso sair do papel.

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  2. Perfeito o post. Resume bem a triste história do nosso metrô.
    Já demorou tanto tempo desde o primeiro anúncio do planejamento da rede do metrô, em 1968 que, nesses 45+ anos a cidade mudou, cresceu em outras direções e os estudos de demanda de tráfego daquela época certamente já caducaram.
    Novos polos residenciais e comerciais surgiram, principalmente na Zona Oeste, Baixada e Niterói.
    Provavelmente uma revisão do plano original indicaria a necessidade de ainda mais linhas.

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    1. Fernando, o plano original foi revisto e sua revisão ainda faz dele um plano muito bom. O que se precisa é de mais linhas. Mas se vc pegar o plano original das linhas 1, 2/3, 4, 5 e 6 e ele é bem ambicioso. Neste contexto, faltaria adicionar a linha para o Méier, outra linha na Zona Sul, outra linha na Barra (mais perto da praia), a linha em Icaraí e uma linha para Nova Iguaçu.

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  3. Acho que perde-se tempo e até mesmo capacidade de mobilização com "terminem a linha 2", "acabem com a linha 1a", "inaugurem a estação morro de são joão" ou "fechem o círculo da linha 1". Claro, são demandas válidas (talvez a estação Morro de São João não, existe um sistema de integração em Botafogo para a região que essa estação atenderia, seria mais uma parada e poucos passageiros a mais, mas quem sabe...) mas não seriam nenhum "divisor de águas".
    Talvez uma linha circular pequena no centro ligando diversas estações das linhas 1 e 2 e a rodoviária, por exemplo, servissem até para dar mais possibilidades para novas linhas chegarem ao centro, poderiam desembocar em uma ou duas estações dessa "circular central" em pontos diferentes e as pessoas transferiram; ou uma extensão dos trens da central até um dos níveis prontos/semiprontos da estação carioca, o que ajudaria a desafogar o metrô no centro; linhas "sumidouro" que ligassem locais distantes com duas ou três paradas até o centro que se integrassem com linhas "usuais" em rede; talvez essas implementações fossem divisores de águas e algo que valesse mais a pena gritar.
    Às vezes os recursos que seriam utilizados nessa conclusão do que foi planejado podem gerar menos benefícios que na realização de novas linhas ou de algumas alternativas...
    Uma pergunta: o autor/alguém aqui participa de algum forum com alguma interlocução com a Supervia/Metrô/Rio Trilhos/Governo a respeito de obras, projetos e futuros desenvolvimentos do Metrô?

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    1. JHMelman, já li vários projetos (alguns de sonhos) para o metrô do Rio de Janeiro. No entanto, com o limite de recursos financeiros, com a escassez de projetos e com o tempo que leva até algo ser construído, nenhum projeto é melhor que concluir o projeto base da Companhia Metropolitana, elaborado ainda nos anos 70. Ou seja, terminar a Linha 2 é fundamental.
      Em relação à Estação Morro de São João, não acho ela desnecessária. Penso no grande público (turistas, funcionários e famílias), que freqüentam o Rio Sul todos os dias, sem contar os moradores de um bairro super populoso como Botafogo. Também deve-se levar em consideração que é uma estação semi-pronta, que com 6 meses de obras de acabamento ela poderia ser inaugurada.
      Este blog não participa de nenhuma interlocução com a concessionária ou o governo, apesar de conversar com políticos.

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    2. Além da grande demanda de público do Rio Sul, a estação morro de São João também atenderia muitos turistas que vão ao Pão de Açúcar.
      Embora ainda fique um pouco longe, a uns 15 minutos de caminhada, seria o ponto mais próximo. Muito mais do que as estações Botafogo ou Arcoverde.

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    3. Concordo plenamente, Fernando. Poderiam até pensar em fazer um linha de metrô somente com duas estações: Morro de São João - Urca. Tipo um shuttle, como há em Nova Iorque.

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  4. Miguel Gonzales, obrigado pela resposta e desculpe não ter respondido antes. Perguntei pela interlocução justamente pelo meu interesse de realmente verificar a possibilidade de "beber na fonte", já que muitas vezes as informações ditas "originais" do metrô e seu planejamento corrente parecem meio misteriosas, nunca se sabe de onde surgiram, como consultar e pesquisar, só como exemplo já vi notícias "originais" que previam a linha 1 circular também indo até a praça seca. Aqui no seu blog é que acabei conseguindo entender um pouco mais essa questão, com variantes da linha 1.
    Sobre a Estação Morro de São João, certamente haveria alguma demanda e justificativas para sua instalação, mas talvez a Urca toda ficasse muito bem atendida com duas linhas de VLT saindo de Botafogo ou de Copacabana ao estilo "uma vai por aqui e volta por ali e a outra vai por ali e volta por aqui" (ao estilo dos circulares pares/ímpares da Zona Sul - 569 e 570; 161 e 162, etc), ou talvez posteriormente por uma futura linha "transversal" que cruzasse várias outras, em alguma iniciativa de realmente montar uma rede metroviária (no sentido mais abrangente possível para "rede"), ao invés de adicionar ainda mais uma parada no verdadeiro "linhão" que a linha 1 vai se tornar, especialmente quando for inaugurada a linha 4. Não sei, realmente não tenho os conhecimentos técnicos e falo um pouco por palpite, mas dessa forma eu consigo ver vantagens pra todos. A estação Morro de São João talvez não fizesse o morador da Urca deixar o carro em casa (ou na concessionária, quem sabe)...

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    1. JHMelman: havia um plano diretor da Companhia do Metropolitano, elaborado nos anos 60, aprimorados nos anos 70 e posteriormente nos anos 80 e executado até onde havia dinheiro ao longo dos anos 80 e 90. Este plano diretor foi brutalmente afetado pelo atual Governo Sérgio Cabral que criou a Linha 1A e esticou a Linha 1 denominando-a Linha 4.

      Eu acho que para bairros menores como Urca, Horto, Leme, etc, os VLTs poderiam ser uma boa solução desde que os bairros maiores fossem bem atendidos por metrô. Hoje, vejo VLTs como um grande problema pois eles tirariam pistas de rolamentos de carros e ônibus.

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    2. Aí é que está, bairros como Urca e Leme seriam ótimos laboratórios para mostrar como na verdade os VLTs tirariam carros e ônibus das ruas, e não os espaços deles. Alguém que pegasse um VLT e demorasse 10 min para chegar à Estação Botafogo e mais 15 de lá até o Centro iria pensar duas vezes antes de pegar o carro para andar em 15 minutos (com sorte!) até o centro, mais 10 pra achar vaga, mais 15 pra andar até o trabalho e ainda pagar mais por isso. Um VLT na Urca e a linha 1/4/o que seja até a Gávea pronta e a Urca nem precisaria de ônibus, somente durante a madrugada: 107, 511, 512 seriam supérfluos e o 513 seria o próprio VLT. Muitos moradores talvez repensassem até a necessidade de ter um carro. Não preciso nem fazer a comparação de um ônibus como os que rodam aqui com um VLT em matéria de conforto e suavidade ao rodar. O VLT não precisa nem andar na rua, ele pode passar por calçadas largas, ele não cria segregação de ambientes como um trem ou um metrô (algo como o Méier "do lado de cá" e o "do outro lado da linha") e tem capacidade superior à de um ônibus.

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    3. Reforçando e retomando porque acho que me perdi, na verdade pra se mudar o metrô e o modo de se relacionar com ele e ele se relacionar com a sociedade, na minha opinião teria que se repensar algumas coisas mais arrojadamente. Não ter "medo" de uma mudança que impacte no tráfego de carros se uma priorização do modal férreo (pra englobar trem, metrô, VLT, etc) for o objetivo (e deve ser!)
      Mesmo sem a mudança do modal, o próprio BRS trouxe benefícios tanto pra quem anda de ônibus quanto para quem anda de carro, o trânsito, passado o tempo de adaptação fica mais organizado. A princípio, foi visto por muitos como "tirar espaço das ruas". (certamente pelos que não andavam de ônibus)

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    4. O problema é que o metrô, principalmente na Estação Botafogo, já está super lotado.

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    5. O BRS é péssimo. Os passageiros não sabem mais onde descem. Às vezes anda-se muitas quadras até descobrir onde pára o ônibus da linha que você quer. Falta informações.

      Não sou contra VLTs, mas acho que o metrô deveria se expandir primeiro.

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  5. Linha 09: Suburbana Jardim Sulacap a Fundão
    Cor: Rosa

    1. Jardim Sulacap
    2. Vila Valqueire
    3. Papoulas
    4. Campinho
    5. Cascadura
    6. Amparo
    7. Manuel da Nóbrega
    8. João Pinheiro
    9. Abolição
    10. Cachambi
    11. Del Castilho
    12. Higienópolis
    13. Bonsucesso
    14. Guilherme Maxwell
    15. Parque União
    16. Fundão.

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