O
blog tem denunciado através do
Facebook, faz algum tempo, que o tatuzão do metrô parou. Os seguidores
do blog
carinhosamente apelidaram o tatuzão de toupeira. Já que a imprensa
tradicional não faz e a assessoria de imprensa do consórcio construtor é
muda, decidimos investigar o que está
acontecendo.
Após conversas com diversas
pessoas envolvidas na obra e engenheiros que a acompanham, que vão ficar anônimos
aqui, o blog teve contato com o geólogo Newton Carvalho, que é voluntário do Projeto de
Segurança de Ipanema (PSI), no apoio técnico contra a destruição da Praça Nossa Senhora da Paz; e que também tem Projeto de Doutorado sobre a Linha 4 licitada em
1998, com apoio da líder do Consórcio Rio Barra, na época Construtora Queiroz
Galvão; e ainda é autor de Projeto Conceitual Avançado sobre a Linha 4, totalmente pela
rocha, desde o Centro até Realengo, passando por Zona Sul, Barra da Tijuca e
Jacarepaguá, devidamente registrado no CREA-RJ, como Direito Autoral.
De acordo com as diversas pessoas, os engenheiros e o geólogo Newton Carvalho, apesar de ganhar o apelido de
toupeira, o tatuzão comprado pelo Governo do Rio de Janeiro é muito bom. É o
maior e mais moderno do país e custou R$ 100 milhões. O problema é que o tatuzão
está fazendo uma obra de toupeira.
Em meados de Fevereiro saiu a última
informação oficial da escavação do tatuzão. Nela, o Consórcio Rio Barra
informava que ele havia escavado 221 metros após 54 dias de trabalho. Ou seja,
em vez dos 18 metros
diários, ele estava escavando cerca de apenas 4 metros diários. Neste
ponto, ele ainda estava dentro de rocha.
Como o consórcio não divulgou
fotos e parou de divulgar o andamento da escavação, o blog começou a questionar
a obra. A primeira desculpa para o blog foi que o tatuzão estava saindo da
rocha e entrando na areia e por isso, toda a frente do equipamento precisaria
ser trocada, pois a lâmina de corte é diferente para cada tipo de material a
ser perfurado. Para tal procedimento, uma vala seria aberta na Rua Barão da
Torre. No Leblon vão fazer o mesmo procedimento, no momento que ele sair da areia
e voltar para a rocha. No entanto, a troca da lâmina de corte não foi feita em Ipanema.
Se isso não foi feito em Ipanema, o que aconteceu então?
O projeto original de escavação
previa que o túnel da Linha 4 teria uma profundidade de 40 metros. Em cima da
hora, o projeto foi alterado para uma profundidade de apenas 12 metros, um fator
bastante complicador. Explica-se: Foi encomendado na Alemanha um Tatuzão
especial que é pressurizado, permite a troca da
frente de solo para rocha e lança o revestimento de concreto (aduelas), entre outras coisas. Assim, ao entrar no solo
arenoso e saturado de água, com bolsões de argila mole, teria que dar uma
pressão na frente de escavação, para manter estável o lençol freático, não
permitindo qualquer tipo de recalque no solo. Em maiores profundidades e sem a presença de
bolsões de argila, fica bem possível controlar mas quando ele está muito
próximo da superfície do terreno natural, como agora a 12 metros de profundidade
(equivalente a um diâmetro do próprio tatuzão), esse controle fica mais problemático, pois
ele ainda está na presença de bolsões de argila, podendo ocorrer em vez de
recalque até mesmo "explosões do solo". Por isso fizeram injeções de jet grounding (colunas de concreto) na Barão da Torre e agora na
Visconde de Pirajá, com a desculpa de reforço do solo.
Em resumo: para evitar que os prédios
fossem “sugados” para dentro do buraco do tatuzão, tiveram que concretar os túneis
por onde o tatuzão vai passar. Não foi
preciso trocar a parte da frente do tatuzão, pois ele não está escavando areia; ao que parece, ele está escavando concreto.
Um detalhe interessante é que a
Estação General Osório, inaugurada em 2010, tem uma profundidade de 19 metros. A segunda Estação
General Osório, que está em construção, fica numa profundidade de apenas 12 metros.
Algumas questões ainda não explicadas, são levantadas pelo blog:
1) Se estão abrindo buracos em
Ipanema para concretar o túnel do tatuzão, não seria mais fácil e prático
abandonar o tatuzão e construir o túnel pelo método Cut and Cover? O Jet
Grounding terá que ser feito até a Gávea?
2) O Tatuzão começou a escavação
com cerca de 6 meses de atraso. Em vez dos 18 metros diários,
escavou apenas 4 e parou de trabalhar há pelo menos 5 semanas. Como fica o
cronograma para a entrega da obra?
3) Quem bateu o martelo alterando
a profundidade do projeto de 40 para 12 metros? O blog recebeu algumas denúncias:
uma dizia que o Governo do Estado não queria que a população andasse muito
dentro das estações para evitar reclamações. Outra diz que foram estudos de
demanda da Fundação Getúlio Vargas. Fato é que novos estudos foram feitos na
mudança de 40 para 12
metros. Talvez tais estudos foram incompletos,
imprecisos ou imprudentes. Não tivemos acesso a eles.
4) Há riscos dos prédios
desabarem em Ipanema? Por que o Consórcio Rio Barra tem monitorado os prédios em Ipanema e os técnicos
visitam os diversos prédios constantemente?
Nota de Correção:
Após a publicação do texto, recebemos diversos emails de pessoas ligadas à obra informando que a nova Estação General Osório está nove metros abaixo da atual Estação General Osório. Ou seja, ela está há 28 metros de profundidade. No entanto, o túnel que sai dela está em aclive até ficar a apenas 12 metros da superfície.