quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pan 2007, uma Chance Desperdiçada

O Rio vive uma expectativa de melhorias por causa das Olimpíadas de 2016. Você se lembra das promessas do Pan 2007? Este excelente artigo da Exame relembra que as obras das prometidas Linhas 4 (Alvorada - Carioca) 5 (Cocotá - Aeroporto Santos Dumont) nunca saíram do papel.

O caos na organização dos Jogos Pan-Americanos e o pouco benefício que eles devem trazer ao Rio de Janeiro evidenciam quanto se planeja mal no Brasil oficial


Por Samantha Lima 14.06.2007

Revista EXAME -Um dia após a entrega da última medalha dos Jogos Olímpicos de 1992, os moradores de Barcelona, na Espanha, acordaram diante de uma nova realidade. Encerrada a movimentação de atletas e visitantes, restou uma cidade reurbanizada e moderna. Encantados, os turistas se multiplicaram -- desde então, o número dobrou para 5 milhões de pessoas por ano, o equivalente ao que o Brasil todo recebe. O ciclo de desenvolvimento iniciado com os preparativos dos jogos não parou mais. O impulso partiu do investimento de 10 bilhões de euros na preparação da cidade para abrigar o evento -- 60% destinados a obras de infra-estrutura. Barcelona foi do 11o para o sexto lugar entre as melhores cidades da Europa para realizar negócios, desbancando Milão e Zurique. No Rio de Janeiro, quando o último atleta for embora após os Jogos Pan-Americanos, em julho, restará aos moradores uma sensação de ressaca. Nenhum dos projetos custeados pelo orçamento de mais de 3 bilhões de reais -- oito vezes a previsão inicial -- mudará em um milímetro problemas graves da cidade. As propostas de melhorias ambientais e nos transportes, alardeadas como legado do evento, ficaram pelo caminho. Ao que tudo indica, o Pan caminha para ser mais uma espetacular chance perdida de recuperação da infra-estrutura da cidade -- ao contrário, é bem possível que no futuro seja lembrado como mais um caso de falta de planejamento e estouro de contas pagas com dinheiro público sem apresentar o resultado prometido. "O Rio ganharia muito mais se gastasse na busca de soluções de seus reais problemas, não no Pan", diz o economista americano Allen Sanderson, da Universidade de Chicago e estudioso do tema.
 
Quando o Rio se candidatou a sediar o Pan, em 2002, criou-se uma expectativa de que a cidade passaria por grandes mudanças. E não foi à toa. O grupo responsável pela candidatura, formado pelo Comitê Olímpico Brasileiro e por integrantes dos governos municipal, estadual e federal, se esforçou para impressionar a Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), responsável pelos eventos. Para desbancar a americana San Antonio, a equipe apresentou inúmeros projetos de melhoria na infra-estrutura carioca. Da Barra da Tijuca, que abrigará os 5 662 atletas e 70% das competições, sairiam uma nova linha de barca até o centro, uma linha de metrô e um bonde até o aeroporto. A engarrafada via expressa que liga o bairro à zona sul seria duplicada. Cinco lagoas da região seriam despoluídas. Era de esperar que o Rio, guardadas as devidas proporções entre uma olimpíada e um pan-americano, realizasse algo na linha do que fez Barcelona. Após a olimpíada, a cidade espanhola ganhou uma nova orla, vias expressas e novas redes de telecomunicações e de esgoto. No Rio, porém, o orçamento estourou sem que nada similar saísse do papel. "Aquele era o momento de pensar em soluções para problemas como falta de segurança, transporte deficiente e poluição, em especial a da Baía de Guanabara", diz Georgios Hatzidakis, diretor da consultoria Olympia Sports, de São Paulo. "A cidade perdeu uma bela oportunidade de melhorar."

4 comentários:

  1. E os trouxas acham que "agora a coisa vai." e assim estamos há 500 anos.

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  2. Pois eh, Carlos! Vc já viu alguma obra da Copa do Mundo em alguma cidade? Claro que não...e faltam só 4 anos.

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  3. De tempos em tempos, os comitês esportivos mundiais escolhem uma cidade para sediar seus eventos que serão vistos no mundo todo. São as janelas perfeitas para a cidade ser reconhecida pela sua eficiência. É claro que a cidade escolhida deve ser alterada nos seguintes aspectos: melhorias na infra-estrutura, no transporte público, saneamento básico, segurança pública, construção de arenas esportivas, entre outros.



    Porém, quando a cidade escolhida é o Rio de Janeiro, todas as esperanças se vão. Pois nenhuma melhoria significativa é notada, tanto nos transportes, segurança pública, saneamento básico, infra-estrutura, arenas esportivas, entre outros.


    Percebe-se que há uma séria tendência da cidade em ignorar mudanças que poderiam melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. No caso, esta ignorância parte das autoridades, que simplesmente não fazem nada a respeito. Por que será que os habitantes desta cidade não reclamam com mais vigor?



    O Pan 2007, que foi tão propagandeado como exemplo de evento esportivo perfeito, deveria ser lembrado como "A vergonha dos gastos públicos", e justamente a propaganda do Pan que eles adulteraram serviu como bilhete premiado para os Jogos Olímpicos. Se os membros do COI vasculhassem quanto custou este evento, o seu "legado", e o que foi feito com as instalações esportivas, teriam pensado melhor e não concederiam o maior evento esportivo do mundo aos cariocas.


    Já começamos a década mal, com nenhuma mudança significativa para os Jogos Mundiais Militares. Então proponho o seguinte (caso o atual governante do estado tivesse feito o necessário):


    Linhas 2, 2A, 2B, 3 (o trecho subaquático), finalizar a linha 1 de março de 2007 até outubro de 2010.

    linhas 3 (da praça Araribóia até Visconde de Itaboraí), 4, 4A, licitar e construir a linha 5 e 6, e deixar as frentes prontas para a linha 7 de fevereiro de 2011 até novembro ce 2014.


    Ou seja, ele poderia ter feito tudo isso, mas ignorou e decidiu fazer o que era contrário a população. Nossa consequência pelo nosso voto foi ele no poder.

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