O Ministério Público Estadual encomendou um estudo à Ambiental Gateway para analisar o atual sistema metroviário do Rio de Janeiro, quanto aos seus aspectos físico e operacional. O parecer do documento é um suporte ao inquérito civil do MPRJ em relação às obras em curso da Linha 4. Para tal estudo foram consideradas as Linhas 1, 1A, 2 e 4 e a atual política metroviária que optou por construir a Linha 1A em vez de terminar a Linha 2 e a de construir a Linha 4 como extensão da Linha 1.
Como Deveria Funcionar o Metrô do Rio
O estudo começa ilustrando como deveria funcionar o projeto original do metrô. A Linha 1 e a Linha 2 teriam uma capacidade de transportar 72 mil passageiros por hora.
No entanto, a capacidade metroviária de transportar passageiros caiu quando a Linha 2 foi substituída pela Linha 1A. Não foi apenas isso. O tempo de espera dos passageiros aumentou, pois na bifurcação entre as linhas, após a Estação Central, uma composição deve aguardar a seguinte para entrar na Linha 1.
A segunda parte do estudo descreve a escolha por construir a Linha 4 como extensão da Linha 1, em vez de construir a Linha 4 original e independente. A situação criada pela Linha 1A tende a piorar e vai impactar a Linha 4, que nada mais é que a Linha 1 já impactada pela junção das linhas. A concessionária Metrô Rio, que cuida apenas da operação metroviária e não da obra de futuras extensões e linhas, ainda não definiu oficialmente como funcionará o metrô uma vez que a Linha 4 for implantada. Mas fato é que a Estação Gávea terá duas estações, assim como a Estação General Osório, e que haverá uma linha ligando diretamente a Estação Antero de Quental à Estação São Conrado, sem passar pela Estação Gávea. Ou seja, teremos a Linha 4A e a Linha 4B. Aliás, já se levou em consideração o X provocado pela Estação General Osório e Estação General Osório 2.
Análise do Sistema Metroviário do Rio de Janeiro
O único trecho do sistema metroviário do Rio de Janeiro que ainda não operará saturado nos horários de pico a partir de 2016 será o trecho entre a Estação General Osório e a Estação Central. Mesmo assim, este trecho estará operando com taxa de ocupação no limite de conforto, com tendência de agravamento nos anos seguintes, caso nada seja feito.É possível afirmar que a Linha 4 vai ampliar a área de atendimento do sistema metroviário do Rio de Janeiro sem, no entanto, ampliar a capacidade do sistema, ou apresenta-se limitado devido às alterações do projeto original (leia-se Linha 1A).
Análise dos Projetos de Expansão do Metroviário do Rio de Janeiro
A partir da análise mostrada no quadro ao lado, apenas três dos novos projetos metroviários considerados no PDTU ampliam a capacidade operacional do sistema de metroviário: fechamento da Linha 1, Linha 2 até a Praça XV e Linha 4 Alvorada - Praça XV, sendo que o fechamento da Linha 1 não amplia a área de atendimento do sistema, isto é, não captura nova demanda.Depois desta análise, especialistas definiram cinco critérios para avaliação para definição da primeira versão da rede futura (2021) metropolitana. A saber: financeiro; evita sobreposição excessiva de oferta; potencial de demanda; consolidação de rede radialtransversal; e impactos sociais, ambientais e econômicos.
Dos 17 projetos selecionados para compor a Rede Futura (2021), seis são metroviários, sendo que os três prioritários coincidem com a análise anterior.
Diante de todo o exposto, verificou-se que o "fechamento da Linha 1 Uruguai-Gávea", a "Linha 2B, Estácio - Praça XV" e Linha 4B, Alvorada - Praça XV" são os projetos metroviários considerados como prioritários no PDTU e que também foram identificados na análise apresentada neste Parecer Técnico, como aqueles que podem ser adotados como medida mitigadora/compensatória dos impactos sistêmicos do início da operação da Linha 4 do metrô.
Linha 1A É Ruim para o Sistema Metroviário do Rio
É importante ressaltar que a combinação do fechamento da Linha 1 e levar a Linha 2 até a Praça XV elimina a limitação da capacidade operacional do sistema metroviário da cidade gerada pela implantação da Linha 1A e consolidada com a implantação da Linha 4. Assim, a implantação combinada destes dois projetos permitirá que o sistema atinja novamente a capacidade operacional de 72 mil passageiros por hora.A conclusão do trecho Uruguai-Gávea da Linha 1, isoladamente, apresenta como principal vantagem, a possibilidade de dobrar a capacidade operacional da Linha 1, desde que operada independentemente das Linhas 1A e 4, a um custo de implantação relativamente baixo se comparado ao custo de implantação dos outros projetos metroviários considerados como prioritários. Nesse contexto, a Linha 1 seria transformada em circular, permitindo que o usuário escolha o sentido que prefere seguir (norte ou sul) para alcançar qualquer estação servida pela Linha 1. Assim, a Linha 1 seria capaz de absorver a demanda adicional proveniente das Linhas 2 e 4, com transbordo na Estação Gávea (Linha 4) e na Estação Estácio (Linha 2).
Conclusão da Linha 2 no Centro
A implantação da "Linha 2B, Estácio - Praça XV", por si só, também viabiliza a ampliação da capacidade operacional do sistema e, embora amplie a área de atendimento do metrô, não deverá capturar nova demanda de forma expressiva, já que corta a área central - principal destino das viagens nos horários de pico. A implantação desse projeto deverá permitir que mais passageiros com origem na Zona Norte acessem a área central sem necessidade de transbordo e, possivelmente, com maior conforto.Conclusão da Linha 4
A implantação da "Linha 4B, Alvorada - Praça XV", por sua vez, possibilita apenas a ampliação da capacidade operacional da Linha 4, que poderia atingir 72.000 passageiros por hora, porém não possibilita a ampliação da capacidade operacional das demais linhas do sistema metroviário (linhas 1 e 1A), que permanecerão com a sua capacidade operacional limitada a 54.000 passageiros por hora no trecho compartilhado (entre as estações Central e Botafogo) e 27.000 passageiros por hora nos trechos não compartilhados.Conclui-se, portanto, que o "fechamento da Linha 1, Uruguai - Gávea" e a implantação da "Linha 2B, Estácio - Praça XV" são os projetos metroviários avaliados no PDTU que deverão mitigar os impactos sistêmicos gerados pela implantação das Linhas 1A e 4 e, conseqüentemente, garantir a eficiência operacional no médio e longo prazo, sendo certo que a implantação combinada desses projetos deverá potencializar e maximizar os impactos positivos de cada um isoladamente no sistema metroviário do Rio de Janeiro.
Nesse contexto, a implantação da "Linha 4B, Alvorada - Praça XV" seria o terceiro projeto metroviário na ordem de prioridade, seguido pelos demais projetos indicados no PDTU para compor a Rede Básica (2021).