Cariocas e Fluminenses,
Sem devaneios, nem projetos criativos, nem tentar desenhar um
mapa com o Metrô ideal para o Rio de Janeiro, decidi escrever este texto a
convite de Andréa Redondo para ajudar a todos a clarear as ideias de um Metrô
para a cidade, que pode não ser o ideal, mas que seria de bom tamanho e
muito melhor do que o que temos hoje.
A LINHA 1
A Linha 1 de hoje é a antiga Linha Prioritária. Ela foi
desenhada pela primeira vez nos anos 60 e seu trajeto começaria na Estação
Uruguai e terminaria na Estação Praça Nossa Senhora da Paz.
É curioso vermos
que nenhuma destas estações finais ficou pronta até hoje. É importante vermos
que a cidade cresceu, as técnicas de engenharia e informática se modernizaram e
a Linha Prioritária ganhou novos contornos ao longo do tempo e foi modificada.
Por exemplo, Copacabana teria cinco estações de Metrô (as estações Rainha
Elizabeth e Constante Ramos foram cortadas), mas ficou apenas com três.
Linhas 1, 2 e 4 |
Como deveria ser a Estação uruguai |
Hoje, especialistas e usuários comuns do Metrô defendem a
Linha 1 Circular, que encurtaria as distâncias entre as Zonas Norte, Sul e Central
da cidade, além de distribuir o fluxo de passageiros de maneira muito mais
eficiente entre as outras linhas. Esta linha 1 não teria estação inicial, nem
terminal, afinal, seria circular.
A grande obra necessária para essa linha se
tornar realidade é a ligação entre a Estação Uruguai, em construção na Tijuca,
e a Estação Gávea, através de um túnel.
Este túnel seria construído por baixo do maciço da Tijuca e ligaria as Zonas Norte
e Sul da cidade, sem a necessidade de o passageiro passar por dezenas de estações
até chegar ao seu destino final.
Terreno onde deveria ter sido construída a Estação Morro de São João: Rua Ávaro Ramos, Botafogo, próximo ao Shopping Rio-Sul |
A Linha 2
A Linha 2 foi projetada nos anos 70 e tampouco foi concluída.
Seu trajeto original ligaria a Pavuna à Carioca. Assim, como no caso da Linha
1, hoje muitos defendem que a Linha 2 termine na Praça XV, para atender ao
público das barcas (que vem de Paquetá, Niterói, Ilha do Governador e, quem
sabe no futuro, de São Gonçalo).
Uma vez que o trecho Centro seja concluído, a Linha 2 deveria ir além da Pavuna, até Belford Roxo. Há um projeto para que a Linha 2 ganhe as estações Vila Rosali, Agostinho Porto, Coelho da Rocha e Belford Roxo. A Linha 2 passaria a ser intermunicipal, pois alcançaria os municípios de São João de Meriti e Belford Roxo.
Um dos grandes problemas do metrô do Rio de Janeiro é a não
conclusão sequer do projeto original da Linha 2. Hoje, sua estação terminal é a
Estácio. Mas a Estação Estácio é pequena e não foi projetada para ser uma
estação terminal.
Muitos não sabem mas a Linha 2 deveria ter ainda as estações Catumbi, Praça da Cruz Vermelha e Carioca. A plataforma para receber os trens da Linha 2 na Carioca foi construída nos anos 70 e 80 mas nunca foi aberta ao público porque o metrô nunca chegou lá.
Uma vez que o trecho Centro seja concluído, a Linha 2 deveria ir além da Pavuna, até Belford Roxo. Há um projeto para que a Linha 2 ganhe as estações Vila Rosali, Agostinho Porto, Coelho da Rocha e Belford Roxo. A Linha 2 passaria a ser intermunicipal, pois alcançaria os municípios de São João de Meriti e Belford Roxo.
A Linha 2 ideal |
Muitos não sabem mas a Linha 2 deveria ter ainda as estações Catumbi, Praça da Cruz Vermelha e Carioca. A plataforma para receber os trens da Linha 2 na Carioca foi construída nos anos 70 e 80 mas nunca foi aberta ao público porque o metrô nunca chegou lá.
Diversos governadores já passaram pelo poder do Rio, mas não concluíram a obra, que é sempre tema de debate nas campanhas eleitorais – na última o candidato Gabeira defendeu a conclusão da obra. Sabe-se que cerca de 80 metros de túnel foram escavados entre Estácio e Catumbi e que as fundações da estação Cruz Vermelha também foram feitas. É preciso retomar o projeto.
Jornal O Globo - Plataforma da Linha 2 fechada na Estação Carioca, Centro |
A Linha 1A construída pelo Governador Sérgio Cabral é uma
gambiarra que juntou as linhas 1 e 2 numa só e não levou o metrô ao Catumbi e à
Lapa (Praça Cruz Vermelha). Isso sem falar que a plataforma na Carioca continua
abandonada.
Além disso, os trens perderam vagões e esta junção de linhas está sujeita à falha humana, pois o controlador tem que esperar um trem da linha 1 passar para autorizar a entrada do trem da Linha 2 na linha 1, e vice-versa.
Além disso, os trens perderam vagões e esta junção de linhas está sujeita à falha humana, pois o controlador tem que esperar um trem da linha 1 passar para autorizar a entrada do trem da Linha 2 na linha 1, e vice-versa.
A Linha 3
Projetada nos anos 80, a Linha 3 começaria no município de
Visconde de Itaboraí, passaria por São Gonçalo, Niterói e terminaria no Rio de
Janeiro, através de um túnel sob a Baía de Guanabara. O projeto visa desafogar
o trânsito entre São Gonçalo e Niterói, melhorar o acesso à COMPERJ, desafogar
as barcas e desafogar a Ponte Rio-Niterói.
Lotes Linha 3 |
De acordo com as últimas notícias, apenas o trecho entre São
Gonçalo e Niterói será construído. Serão catorze estações: Estação Praça
Araribóia, Estação Jansen de Mello, Estação Barreto, Estação Neves, Estação
Vila Laje, Paraíso, Estação Parada 40, Estação Zé Garoto, Estação Mauá, Estação
Antonina, Estação Trindade, Estação Alcântara, Estação Jardim Catarina e
Estação Guaxindiba.
O segundo trecho entre a Estação Guaxindiba e a Estação
Visconde de Itaboraí, via Estação Itambi deverá ser feito na sequência até
2020.
A grande questão da Linha 3 é a ligação com a Estação Carioca,
no Rio de Janeiro.
O Governador Sérgio Cabral, impopular com sua política de
transportes, contratou o escritório de arquitetura do renomado Oscar Niemeyer
para desenhar uma estação multimodal em Niterói. A Estação Praça Araribóia
seria um terminal rodoviário, metroviário e de barcas, mas da forma que ela foi
desenhada, impediria uma futura ligação metroviária com o Rio de Janeiro. Isso
porque sua construção seria muito próxima da Baía de Guanabara e o metrô
chegaria num elevado. Para atravessar a baía, o túnel do Metrô precisa ficar
pelo menos 15 metros sob a água. Ou seja, não há distância para o trem do metrô
descer e chegar a esta profundidade antes das águas da baía.
É preciso manifestar-se
e exigir que o governador altere o projeto.
A Linha 4
O projeto da Linha 4 também foi desenhado nos anos 80. O
projeto original previa a Linha 4 começando na Estação Carioca e chegando à
Estação Alvorada.
Em 1997, um trecho da Linha 4 foi licitado. O trecho licitado previa apenas o trajeto entre a Estação Morro de São João e a Estação Jardim Oceânico. O projeto previa estações no Largo dos Leões, Humaitá, Gávea, São Conrado.
Em 1997, um trecho da Linha 4 foi licitado. O trecho licitado previa apenas o trajeto entre a Estação Morro de São João e a Estação Jardim Oceânico. O projeto previa estações no Largo dos Leões, Humaitá, Gávea, São Conrado.
Por conta das Olimpíadas de 2016, o Governador Sérgio Cabral
decidiu tirar a Linha 4 do papel. Misteriosamente, ele alterou o projeto da
Linha 4 e não respeitou o que foi licitado. A Linha 4 começa agora em Ipanema e
vai até o Jardim Oceânico. Ou seja, a Linha 4, passou a ser a extensão da Linha
1. A Linha 4 modificada mata não apenas seu trajeto original, como
também mata o projeto da Linha 1 circular.
Ela é terrível para o futuro metroviário da cidade.
Não há nada que defenda o que o governador está fazendo. Seu
projeto não é mais eficiente, não é mais barato, não é mais rápido, não vai
facilitar, não vai trazer nenhuma vantagem.
DESAPROPRIAÇÃO IPANEMA |
Pior: para esta ligação com a Barra da Tijuca, o usuário terá que desembarcar em General Osório e fazer uma baldeação para seguir em linha reta através de Ipanema, Leblon, São Conrado e Jardim Oceânico. Um absurdo! Tudo por causa de uma centena de apartamentos.
Outro ponto é que a Linha 4 não deveria acabar no Jardim Oceânico. Ela precisa chegar até o Terminal Rodoviário da Alvorada passando por diversos shoppings e recolhendo os passageiros que vêm da Zona Oeste. Se você mora longe da estação de Metrô, vai continuar usando outro meio de transporte para chegar ao trabalho. Isso acontece em qualquer lugar do mundo. Por isso, as redes metroviárias das grandes cidades são enormes.
Movimento Metrô que o Rio Precisa |
CONCLUSÃO:
Poderia me alongar neste texto falando sobre o metrô do Pan,
que não foi feito, o metrô para os aeroportos, o metrô para Icaraí, e as Linhas 5 (o metrô do Pan que
sairia da Ilha do Governador, passaria pelo Aeroporto Internacional, UFRJ,
Rodoviária, Aeroporto Santos Dumont e chegaria à Estação Carioca) e 6 (Linha 6 - do Aeroporto Internacional ao
Terminal Rodoviário através dos bairros da Leopoldina e da Zona Oeste) que
viraram corredores de ônibus.
Mas vou ficar apenas nas quatro linhas que há alguma intenção de serem construídas no momento.
Mas vou ficar apenas nas quatro linhas que há alguma intenção de serem construídas no momento.
Não seria ainda o ideal, mas já seria bem melhor do que temos hoje.
Rio de Janeiro, 25 de junho de 2012.
*Miguel Gonzalez, jornalista e editor do blog www.metrodorio.blogspot.com.br
Texto original publicado aqui.