quinta-feira, 10 de março de 2016

Bondes Contra a Mobilidade na Zona Sul

O primeiro transporte de massa implantado no Rio de Janeiro eram os bondes puxados por burros. Posteriormente, eles foram substituídos pelos bondes elétricos, cujos últimos sobreviventes rodaram até 2011 entre o Largo da Carioca e Santa Teresa. Os bondes foram gradativamente substituídos por ônibus. Na cidade, tentaram implantar os ônibus elétricos (trolleybus) que logo ganharam o apelido de "chifrudo". Mas o que prevaleceu foi o ônibus comum que existe até hoje. Em 1968, foi elaborado o projeto definitivo para o metrô do Rio de Janeiro. O projeto começou a sair do papel nos anos 70. O plano metroviário ganhou atualizações nos anos 80, 90 e 2000 mas até hoje nem as Linhas 1 e 2 projetadas em 1968 foram concluídas. Após todo este investimento e as mudanças nos meios de transporte, eis que o Prefeito Eduardo Paes decidiu voltar no tempo e reimplantar os bondes no Rio de Janeiro, antes mesmo da cidade ter seu metrô - o verdadeiro transporte de massa - implementado.

Segundo o Planejamento De Transportes Urbanos (PDTU) dos anos 80, atualizado nos anos 90 e finalmente atualizado pela última vez nos anos 2000, o Rio de Janeiro deveria ter seis grandes linhas de metrô. A  Linha 4 deveria ligar a Estação Carioca à Estação Alvorada. Parte deste trajeto foi licitado em 1998 mas jamais saiu do papel. O que estão construindo agora não é a Linha 4 e sim a extensão da Linha 1, pelo menos até a Estação Gávea. Sendo bem claro com o leitor é bom repetir que a Estação General Osório, a Estação Nossa Senhora da Paz e a Estação Jardim de Alah são estações exclusivas da Linha 1. A Estação Gávea terá duas plataformas, uma para a Linha 1 e outra para a Linha 4. A Estação São Conrado e a Estação Jardim Oceânico são da Linha 4. Mas para piorar o cenário do carioca, as obras da Estação Gávea, a mais importante das que estavam em andamento, foi interrompida há cerca de 18 meses e não há previsão de retomada das obras, pois o estado está falido.

Segundo a Prefeitura é muito fácil interromper parte ou totalmente das ruas São Clemente, Voluntários da Pátria, Humaitá, Jardim Botânico e Marquês de São Vicente. Já imaginou o caos no trânsito? Mas tudo que é ruim pode piorar: Durante a instalação dos trilhos dos bondes, o vão por onde passarão suas futuras rodas servem perfeitamente como criadouros de mosquitos. Impressionante! Um transtorno brutal que não vai resolver o problema da mobilidade.

O metrô, sob terra, pode transportar cerca de 2.000 passageiros por trem; contra 420 do bonde e 80 de um ônibus. O metrô se desloca numa média de 45km/h, enquanto bondes e ônibus andam numa média de 15km/h - incluindo as paradas dos modais. Para piorar, um ônibus tem 12 metros de comprimento, contra 44 de um bonde. Você já viu o que acontece num ponto de ônibus quando chegam três ou quatro ônibus de diferentes linhas ao mesmo tempo? Imagina como será com os bondes?

Todo transporte sobre terra deixa passageiros expostos a sol forte, chuva, vento, frio e calor. Este mesmo transporte sobre terra vai parar nos sinais de trânsito e vai ser refém de engarrafamentos.

Bondes devem ser usados para ligar bairros menores, de baixa densidade populacional ao sistema metroviário. Por exemplo, Muda, Usina, Horto, Alto da Boavista, Leme, Urca, Bairro Peixoto, etc deveriam ter Bondes como sistema complementar. Mas bonde não pode ser utilizado como transporte de massa nos grandes eixos das grandes metrópoles por um simples motivo: Não dão vazão!

Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/para-especialistas-futuro-vlt-tiraria-carros-das-ruas-nao-excluiria-expansao-do-metro-18810958

6 comentários:

  1. Acho que já comentei aqui que não houve praticamente nenhum protesto por parte da associação dos moradores da Gávea sobre a paralisação das obras da estação Gávea do Metrô.Acho que houve só uma carta de leitor (você) no jornal Globo.
    Suas observações s/ esse projeto VLT são perfeitas. Chega a ser assustador o mutismo total das associações de moradores dos bairros que serão afetados por este futuro VLT que supostamente ligará o Centro ao Planetário da Gávea. Mas parece que existem pessoas que apoiam este projeto vide link
    https://desafioagorario.crowdicity.com/post/99596
    Espero que isso será apenas um factoide do estilo Cesar Maia que durante um ano eleitoral p/ prefeitura divulgou um projeto de um trem suspenso que ligaria a Zona Sul à Barra.
    http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/os-projetos-cariocas-que-nao-sairam-do-papel
    Este "projeto" aparentemente foi "elaborado" por uma empresa chamada Kinada.

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  2. VLT não é solução para Metrô.

    Mas o VLT não seria uma alternativa muito melhor aos corredores de BRT onde foram implantados?

    Na Zona Sul, pela alta densidade demográfica e adensamento urbano, só cabe Metrô.

    No caso de Botafogo, é válida a Linha 4 Carioca X Alvorada via Humaitá, com estações no Jardim Botânico (Horto) e dali fazer um by-pass no Humaitá com uma tripa para a Carioca, com estação na São Clemente (Dona Marta) de onde seguirá por Laranjeiras - Cosme Velho (General Glicélio) até a Carioca, outra perna até a estação Morro São João - RioSul, com a respectiva conclusão e conexão com a Linha 1.

    Assim daria a Linha 4 a mobilidade urbana e conexão do fluxo na Carioca (Centro) e na Zona Sul tanto em Botafogo como na Gávea.

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    1. O VLT não transporta o mesmo número de pessoas, nem tem a velocidade média alta.

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  3. E irão ressuscitar o VLT para Botafogo?
    Será o caos urbano, será o salvem - se quem puder.
    Se as Associações de moradores perderam de vez a voz, então que se acabem com elas. Ficar como marionetes dos governos, não dá!!!!

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    1. Elisa, as associações de moradores dos bairros que não têm metrô (Humaitá, Botafogo e Jd. Botânico) são contra o projeto.

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